20 outubro 2009

Entrevista a Secrecy















Após assistir a um ensaio dos Secrecy, conversei um pouco com o Miguel Ribeiro (vocalista) e Nuno Lima (baixista e vocalista) sobre a banda e o albúm "Of Love and Sin" que será lançado brevemente.


Vocês estão brevemente a lançar o segundo albúm dos Secrecy, e visto que a banda actualmente tem uma formação diferente, gostava que contassem um pouco do percurso da banda desde a edição do primeiro albúm até à actualidade.
Miguel Ribeiro (M.R): Da formação que inicialmente gravou o albúm neste momento só estou eu. Com a formação inicial apenas gravamos um álbum. Em 2007 gravamos um EP mas dessa formação já só estavamos quatro elementos, dois já tinham saido e já tinhamos um baterista novo. Entretanto passado algum tempo depois da gravação do EP saiu o guitarrista e entrou o Lima para o baixo, passando o baixista que tinhamos para guitarrista. Em 2008 gravamos outro EP acabando por depois sair o guitarrista ritmo. Entrou um novo guitarrista quando já estavam a decorrer as gravações do albúm. Durante a gravação do mesmo tivemos mais um precalço, em que um dos fundadores da banda também saiu por razões de trabalho. Entrou o Bruno para guitarrista solo. Quando estavam quase concluídas as gravações do albúm, entrou o Helder para guitarrista ritmo e desde então temos mantido a formação estável.
Estável ao ponto de lançarem um segundo albúm...
M.R.: Sim.
Nuno Lima (N.L.): Estável ao ponto de termos a segurança necessária para lançarmos o albúm e fazermos algo com ele, embora como é óbvio quando há mudanças há sempre momentos de instabilidade. As personalidades têm de se moldar, os métodos de trabalho são diferentes, o que quero dizer é que houve momentos difíceis. Agora estamos mais coesos do que nunca. Temos um contrato de quatro anos para respeitar e antes de assumirmos esse compromisso conversamos de forma a garantir que todos tinhamos o mesmo objectivo.
O trajecto que os Secrecy têm levado mostra que as coisas se podem fazer havendo uma força motora, ou duas ou três dentro de uma banda, as coisas podem continuar apesar de situações como as que já foram referidas. A chegada de novos membros a uma banda implica muitas coisas como ideias novas, que podem não ser exactamente o que queriamos fazer, mas sem dúvida que temos tudo para andar para a frente. Acho que estamos preparados para esta nova fase que se avizinha.
Miguel, como membro principal dos Secrecy, a nível de formação da banda, como te sentes passado estes anos e estas alterações de membros e o que sentes com o lançamento deste segundo albúm?
M.R.: A sensação de gravar um segundo albúm é diferente porque no primeiro havia a expectativa de nunca termos lançado nada e querermos ver até que ponto as coisas iriam resultar. Agora, com a integração de membros novos, novas experiências, novas vivências o som mudou. Vieram pessoas trazer novas ideias para a banda, o som foi-se moldando também aos novos membros e esperamos com este albúm ter mais projecção.
Devido ao esforço que tens tido ao longo dos anos e desde o lançamento do primeiro albúm em 2004, percorreste um percurso de altos e baixos a nivel de formação e estabilidade. Como membro inicial dos Secrecy, qual a sensação que tens agora ao veres concretizada a coesão na formação e a oportunidade de continuar o sonho que começaste há anos atrás?
M.R.: Primeiro eu sinto que há pessoas aqui dentro que querem tanto como eu que isto vá para a frente, porque posso dizer que até ter esta formação se calhar nunca estive com ninguém que lutasse para fazer deste projecto um objectivo de futuro, de lançar mais um albúm, de posteriormente lançar outro, de fazermos muitos concertos, compormos muitas músicas novas. Há pessoas aqui que lutam por isto como eu. Eu sempre dei o máximo de mim para que isto nunca acabasse. Houve alturas em que pensei que o melhor seria desistir porque já haviam demasiadas alterações. Mas neste momento tenho pessoas que lutam pelo mesmo objectivo que é levar o projecto o mais longe possível, ter qualidade nas músicas que fazemos, tentarmos ajustar-nos um pouco ao tempo em que estamos e fazer as músicas um pouco diferentes daquilo que foi o primeiro albúm. Basicamente puxarmos a corda todos para o mesmo lado sem excepções. Claro que se nota alguma diferença relativamente ao facto de alguns dos membros nunca terem gravado em estúdio e nunca terem sentido aquele stress de querer fazer as coisas e estas nem sempre correrem bem.
N.L.: Nunca tiveram oportunidade. A primeira vez é sempre mais complicado, em tudo e isso notou-se.
Mas por um lado será bom porque vocês já têm experiência e apoiam aqueles que não têm, mas que têm força de vontade para o fazer...
N.L.: Claro, não é só uma questão de apoio, mas de pedagogia que tudo isto trás. Tanto estar em estúdio como pós-estúdio e conversas de banda. A preparação e calma que são necessárias porque, como deves imaginar, gravar um disco não é a mesma coisa que uma actuação ao vivo em que se fala do frio no estômago. Gravar um disco é pior. Já vi pessoas com as pernas a tremer e a irritar-se, e é complicado nesse sentido.
Como denominam o vosso estilo musical rock gótico, metal gótico?
N.L.: Do meu ponto de vista Secrecy é Gothic Metal. Se calhar comparativamente com o que se faz hoje em termos de metal há uma necessidade das novas gerações catalogarem isto como rock, visto ser um estilo mais leve.
Pessoalmente não associo a um estilo mais leve, mas sim ao próprio estilo da música, as letras, o tom de voz do vocalista principal que relembram o rock gótico de há muitos anos atrás, embora agora com a nova formação e estilo inserido associe um pouco mais ao metal.
N.L.: O Gothic Rock é a base sem dúvida.
Lima, o que te trouxe para este projecto?
N.L.: Eu sou um aficcionado do Gothic Metal e de muito Gothic Rock e Gothic que nem é rock nem metal.
Joy Division...
N.L.: (Risos) Joy Division! Bauhaus, Peter Murphy, Fields of the Nephilim como também gosto de Paradise Lost, Type o Negative, The 69 Eyes, etc. e coisas mais pesadas como Crematory.
M.R.: Ele é o meu complemento na banda. Nós somos provavelmente as pessoas aqui que têm mais semelhanças a nível de gostos e de composição musical. Tentamos o mais possível que a música se mantenha na linha do Gothic Metal. Gostamos das mesmas bandas. A nível do que ele gosta de compôr é o que eu gosto de cantar. Assim como ele gosta de cantar.
A agressividade da tua voz distorcida com a suavidade da voz do Miguel transmite um contraste que encaixa perfeitamente e proporciona uma excelente sonoridade, não descartando a voz da Lisa e do Bruno que também são um óptimo complemento.
N.L.: É esse o nosso objectivo. A voz da Lisa utilizamos mesmo como isso, gostamos de vozes femininas como complemento melódico. A ideia até nasceu daí. Se tinhamos um elemento feminino porque não experimentar a voz dela antes de experimentar o resto. Nos takes que fizemos sairam coisas engraçadas, as pessoas gostaram e deram apoio. Ela nunca tinha cantado.
M.R.: No caso do Lima não o considero como uma voz de apoio, mas sim que nós os dois basicamente somos as vozes principais da banda. O background vem da Lisa e do Bruno, e a ideia é nós sermos o núcleo duro das vozes na banda. Gosto que a voz dele tenha mais predominância do que por vezes seria a ideia nas músicas. Gosto do contraste da minha voz com a dele. Há uma voz mais agressiva, mais rasgada e uma voz mais melódica e as duas por vezes acabam por se complementar como se fossem só uma e é algo que resulta muito bem.
N.L.: E é algo em que apostamos muito neste disco, que é o jogo de vozes. Temos refrões com quatro vozes.
E é mais uma alteração ao estilo inicial dos Secrecy...
N.L.: Exactamente. Eu acho que é mais um upgrade. Na altura falaram comigo para integrar a minha voz no EP anterior. Fiquei agradado pela participação e a ideia deles era mesmo essa. Eles ouviram um dos meus outros projectos (This Cold Love) e gostaram bastante, até porque falando de paralelismos o baterista de Secrecy é também baterista de This Cold Love.
Quantos projectos tens no momento?
N.L.: Tenho três projectos e uma banda sólida. Um deles vai ser sempre mais relaxado que é o meu projecto a solo Deprave. O objectivo é fazer aquilo que quero sem ter amarras de ninguém. Tenho Shadows que sempre me acompanhou na minha vida musical desde os 14 anos e tenho This cold love. No meio destes projectos os Secrecy ouviram-me e convidaram-me. E "puxando a brasa à minha sardinha" acho que trouxe um pouco de actualidade. Não digo que venho trazer algo de novo, porque não venho. O estilo que nós gostamos não é um estilo recente, mas veio criar algo novo em Secrecy. Algo novo que todos gostamos, e se me convidaram é porque gostaram da minha voz. Só depois quando estava a gravar os baixos para o albúm de Shadows é que surgiu a ideia de me convidarem também para baixista.
Têm notado reacção do público relativamente aos novos temas?
N.L.: Tem se notado. Eu não reparo em que músicas, mas tem se notado uma grande adesão do público ao material novo. Numa das músicas, quando ainda era "Body and Soul", já se notou o público a vibrar. Temos tido umas boas criticas, não só a nível de concerto, mas até no MySpace já recebemos criticas favoráveis em relação ao novo trabalho.
O novo albúm tem músicas dos dois EP's que lançaram anteriormente, têm novas músicas que ainda não tenham apresentado?
M.R.: Temos músicas que fazem parte dos dois EP's, músicas novas e as músicas dos EP's, algumas delas, foram totalmente remodeladas e renomeadas uma vez que houve alterações de letras feitas também pelo Lima e novos arranjos. Um dos aspectos que mudou na banda foi a entrada do Lima que veio trazer a nível lírico, novas ideias. Embora a nossa maneira de escrever seja parecida, ele trouxe novas composições líricas das quais eu também gosto, uma vez que é um mundo em que também me situo. O imaginário do amor, o ódio, criaturas míticas.
N.L.: E a tristeza... Eu gosto muito de falar tal como o Miguel, eu acho que nós em termos de escrita podemos funcionar do estilo: ele escreve uma música e dá-me o papel para a mão e diz: faz o resto. Notas a diferença das personalidades na forma de escrever. Existem letras completamente minhas, outras dele e outras em conjunto e se as pessoas estiverem com atenção conseguirão captar que existe o trabalho dos dois, mas de uma forma bastante coesa. É aquele complemento, eu trago aquela carga melodramática, a culpa, o ódio, a impossibilidade no amor, porque eu acho que o bem sem o mal não resulta.
Basicamente neste novo albúm vieste complementar as ideias do Miguel...
N.L.: Sim, eu tenho várias facetas a escrever, e se reparares em outros projectos meus, tenho um lado mais maquiavélico que não utilizo tanto em Secrecy, mas numa forma propositada. Em Secrecy utilizo um lado mais destrutivo romanticamente, puxa-me muito mais para o meu lado emocional e tem resultado bastante bem.
M.R.: Uma coisa que se calhar vais reparar no nosso novo albúm, tu que já viste alguns concertos nossos, é que por exemplo ao vivo tinhamos uma música chamada "Rememberence" e agora chama-se "The one that death deserves to find" pois tivemos que mudar o nome por já existir algo igual.
Um nome de uma música gótica sendo mais complexa, não trará mais impacto aos admiradores do estilo, do que propriamente um nome com uma ou duas palavras, visto terem letras mais profundas que remexem com os sentimentos?
N.L.: Pessoalmente acho que sim. Acho que uma expressão forte que incuta o que queremos transmitir é muito mais intenso. Embora uma palavra por vezes signifique mil, nem sempre é possível expressar tudo o que se quer com apenas uma ou duas palavras.
Já têm ideia do local onde irão fazer a apresentação do albúm? Algum convite?
M.R.: Há várias ideias. Ele é uma das pessoas que tem umas ideias que neste momento me agradam.
Qual é a imagem que tentam transmitir nos concertos?
N.L.: Queremos extrair o máximo da fotografia nos concertos, isso inclui a maneira como nos vestimos, embora não sejamos exêntricos, mas queremos demonstrar isso de forma homógenea, ou seja, escura e simples.
M.R.: Acima de tudo coesão na imagem, nada extravagante, apenas que a banda mantenha uma imagem agradável, e que se mantenha dentro da atmosfera negra, que retrata o estilo da banda. Não é necessário utilizar apenas preto, mas cores como vermelho, bordeaux, violeta que funcionam no espectáculo, mas que também estejam enquadradas dentro da banda como um todo.
Estando o albúm prestes a sair, a comunicação social tem demonstrado interesse em saber novidades sobre os Secrecy?
N.L.: Temos sido contactados, embora a data de lançamento ainda não esteja prevista ,e por isso também querermos manter o low profile, já temos tido um bom feedback por parte de várias entidades. Quando a data estiver marcada iremos dedicar-nos à área publicitária, factor que desde o último concerto concordamos em não dar muito enfâse para já, além de não aceitar mais convites para concertos. Estamos numa fase de preparação e meditação para nos prepararmos devidamente para o que aí vem.
Esperamos que este albúm tenha mais sucesso que o primeiro e que atraia mais público, o que estamos confiantes que sim!
Obrigada pelo tempo que me dispensaram, e fico a aguardar curiosamente pelo lançamento do albúm!










1 comentário:

  1. E venha o novo album. Das 2 vezes que ouvi Secrecy, ao vivo, gostei.

    Gostei mto de poder conhecer mais um pouco de Secrecy, parabéns pela reportagem Cátia.
    Mto bem conseguida ;)

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